Faça do mundo o seu museu

Uma lata de cerveja vazia entalada num duto de ar. Um vidro quebrado na vitrine de uma loja de rua. Um buraco na parede do escritório. Uma erva-daninha que cresceu muito mais do que o normal no jardim de uma casa abandonada. Um ponto de ônibus qualquer numa rua não identificável. O que todas essas coisas têm em comum?

Para mentes brilhantemente criativas, esses pequenos detalhes, que passariam despercebidos pela maioria, são ‘obras’ de um museu livre e comunitário - o mundo ao nosso redor. Intervenções humanas e naturais ganham histórias e significados quando cativam olhares atenciosos, que misturados com um toque de humor transformam tudo (ou quase tudo) em arte.

‘Hole', 2016, by Biff Furtz (em português: Buraco, 2016, por Biff Furtz). Foi assim que uma fresta na parede de um escritório em Los Angeles virou arte. Algum funcionário brincalhão - e super criativo - colocou uma etiqueta de identificação no tal buraco (feito acidentalmente pelo colega de trabalho Biff Furtz em 2016), lhe dando nome e escrevendo a história por trás da ‘obra’.

O mesmo aconteceu com uma vitrine quebrada, quando um desconhecido fixou uma plaquinha que dizia: ‘Civilization Unrest', 2020, Artist Unknown. Rock on glass (em português: Civilização agitada, 2020, artista desconhecido. Pedra no vidro) - como se fosse uma obra de museu.

Mas não são só pessoas que decidem transformar o mundo em museu. Alguns anos atrás, uma agência de marketing chamada The Partners encabeçou o projeto ‘Museu do Mundano’. Nele, criaram um conjunto de etiquetas estilo museu para acessórios “mundanos” de Nova York, como carrinhos de cachorro-quente, xícaras de café, caixas de comida chinesa e pontos de ônibus – alguns clássicos do design urbano americano. Cada etiqueta era anexada ao objeto em questão e contava um pouco de sua história, convertendo o mundo cotidiano em um museu de design legítimo.

Essas ações inspiram uma mudança no que vemos – e em como valorizamos o que vemos. Ao transformar o mundo em um museu, os maiores e menores detalhes ganham charme, transformando o lugar, a coisa ou o momento em diversão, cultura e entretenimento.

Extraído da newsletter de Rob Walker.

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