100 anos da semana que mudou o Brasil

Em 1922, um grupo de intelectuais e artistas organizou um evento que marcaria a história do Brasil. A Semana de Arte Moderna de 1922 declarou o rompimento com o tradicionalismo e conservadorismo cultural na literatura e na arte da época, defendendo um novo ponto de vista estético e um compromisso com a independência cultural do país. No grandioso Teatro Municipal de São Paulo, foram expostas mais de 100 obras de artistas como Mário de Andrade, Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Manuel Bandeira e Villa-Lobos, influenciados pelas vanguardas europeias e pela renovação geral no panorama da arte ocidental, sendo as artes plásticas a principal base do movimento.

Não havia um conceito que unisse os artistas, nem um programa estético definido. A intenção era destruir o status quo - e eles conseguiram. O esforço pela redefinição da linguagem artística se articulou a um forte interesse pelas questões sociais do país, unindo arte e voz, também conectada ao crescimento de São Paulo na década de 1920, à industrialização, à migração em massa de estrangeiros e à urbanização.

Em uma coluna para a Consumidor Moderno, Mauricio Soares, sócio-fundador da ARCA, fez uma breve análise sobre a Semana:

“A Semana de Arte Moderna de 1922, de forma análoga ao nosso contexto presente, foi realizada em uma época de turbulências no âmbito político, social, econômico e cultural. Alvo de críticas ferozes no momento da sua realização, o evento sedimentou-se ao longo das décadas seguintes como um divisor de águas, rompendo com os padrões tradicionais da academia artística europeia e dando origem a um movimento com identidade própria, genuína e essencialmente brasileira, marcada pela liberdade de expressão e experiências estéticas: o modernismo brasileiro.

Minha esperança é que este momento igualmente agudo e turbulento que vivemos neste início de 2022 possa se converter em um legado tão relevante quanto o da Semana de Arte Moderna, que talvez não seja percebido imediatamente, mas deixe sua marca positiva nas décadas por vir. Não apenas nas linguagens e expressões estéticas, mas na nossa postura como indivíduos e sociedade. Um ano transformador, em que novas ideias ganhem espaço e possamos compreender como viver em maior harmonia – tanto uns com os outros como com tudo aquilo que nos cerca. Estes são meus votos.”

Os votos de Mauricio também são os votos da ARCA.

Em um ano que marca o centenário de um evento culturalmente histórico e formador de opinião, a busca pela criatividade e inovação, agregada ao pensamento questionador e fora da caixa, se mostra extremamente valiosa. 100 anos atrás, artistas e intelectuais moldaram um pensamento de vanguarda através da cultura. Hoje, a história reconhece a Semana de Arte Moderna de 2022 por sua proposta visionária - mas parte de nós, no presente, em mantê-la viva, modernizando constantemente o mundo ao nosso redor.

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